quinta-feira, 15 de setembro de 2011

A Ordem e o Caos

As bruxas governam as noites
E se perdem nas madrugadas
Muitos por elas se perdem
Mas tudo é apenas ilusão.

Ao amanhecer elas descansam
Ao raiar do sol
Se enclausuram
No vazio da solidão.

Cavaleiros mantêm a ordem
Guiam na escuridão
Controlam as tempestades
Detêm as regras nas mãos.

Ao anoitecer descansam
Com as armas no chão
Adormecem para acordar
Só na próxima manhã.

Bruxas pertencem ao caos
Não possuem regras
Cavaleiros e sua ética
Não tardam ao sol raiar.

Cavaleiros e Bruxas nunca se encontram
Habitam mundos distantes
Elas por eles nada nutrem
Porque à suas regras não se enquadram

Eles por sua vez
A elas não se adaptam
Distantes em mundos opostos
Seu caos não lhes agrada.

Mas numa noite uma Bruxa solitária
Dessas que perturbam nas madrugadas
Cruzou no seu caminho
Com um Cavaleiro errante.

Portadora da desconfiança
E da malícia do mundo
Viu nele sua loucura refletida
Confusos pensamentos invadiram sua mente.

Em seus mundos distantes
Longos embates travaram
Até que em outra noite do destino
O mesmo espaço habitaram.

Nessa noite a Bruxa não governou
E o Cavaleiro sua ordem não controlou
Os únicos que reinaram
Foram o fogo, a magia e a loucura.

De uma distância quase intransponível
Aos poucos próximos estavam
A ordem e o caos
De repente se tocaram.

A Bruxa por obra da loucura estava enfeitiçada
E o Cavaleiro por parte da magia suas regras quebrava
E o corpo dela desejava
E ela perdia a malícia, o próprio feitiço contra ela se voltava.

Quando percebeu
As mãos do Cavaleiro por seu corpo deslizavam
E as vestes já não a cobriam mais
Assim seu pranto se iniciava.

Como em um ritual de passagem
Uma viagem começava
As chamas do fogo
Em seus pensamentos pairavam.

Enquanto as mãos dele
Por seu corpo peregrinavam
Nessa noite a Bruxa não se perdeu na madrugada
Perdeu-se pelo Cavaleiro.

E o Cavaleiro preferiu
Esquecer a ordem
E penetrar o caos
Mas o caos a ele se negava.

Até o momento em que a Bruxa
Dominada pela magia ou pela loucura do Cavaleiro
Não conseguia mais lhe negar
Ele agora dominava o caos que tanto desejava.

Invadiu seu corpo buscando sua alma
Ela mesmo perdida, sua alma não entregava
Mas a cada gemido que a loucura lhe emprestava
Sabia que na fusão, sua alma era roubada.

Nessa noite em que o fogo governava os pensamentos
Em que a magia, a Bruxa, enfeitiçava
E a loucura guiava as mãos do Cavaleiro
Num corpo só se transformaram.

E os beijos não eram beijos roubados
Eram desejados
E seus corpos se perdiam
Entre o medo e o desejo.

Por fim não mais escapar podiam
Então em uma entrega se fundiram
Com o medo, o desejo e o prazer
Que a loucura, a magia e o fogo lhes propiciava. 
                                                  

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