sábado, 31 de março de 2012

"Esta é a noite da nostalgia, me entrego a beleza dos sonhos e da poesia."
Ricardo e Malú


Ricardo, Malú me contou
Que esta noite contigo sonhou
E neste sonho viu seus braços
Tal como acordada se lembrava.

Malú, que por ti Ricardo
Toda sorte de pecados cometeu
E muitos deles,
Contigo aprendeu.

Ricardo, o que pensavas
Na noite passada?
Invocavas pra ti ilusões passadas
Ou já não mais se recordava?
 
Será que em tua memória
Ainda pairam as lembranças de Malú?
Ou a névoa encobre a aurora
Que outrora conhecera apenas tu?

domingo, 18 de março de 2012

Lado B

Fui e voltei com legião
Uma legião de pensamentos
Quando fui, talvez ainda fosse cedo.
Ao retornar... sabe-se lá o que.

Ao ir, reconstrução de um passado utópico
Ao retornar, presente filosófico,
Ao permanecer, extravazar
A rebeldia contida ao longo do dia.

É na noite que nascem
Os verdadeiros eus.
Florescem lá pelas três
E morrem as seis.

No auge da madrugada troco de lado o vinil
E até o novo amanhecer
Quando morro pro dia nascer
Vou seguindo pelo lado B.
Sobre almas e luas

Eu rasgo a madrugada
Com a mesma intensidade 
Com que um dia
Minha alma foi rasgada.

Eu olho e vejo
É o brilho da lua cheia
E como em uma prece,
Peço.

Sua luz que ofusca os olhos
Clareia essa alma rasgada
Assim como faz
Nessa madrugada.
 

sábado, 17 de março de 2012

Chá ou café?

Quero um café quente
Na cama,
Depois de uma noite de luxúria,
Me traga também
Um chá morno,
Estou doente.
Ou a febre é um pretexto
Pra ousar te fazer imaginar,
Me proporcionar
Todo prazer 
Que a volúpia for capaz de captar.

quarta-feira, 7 de março de 2012

Inquietação

A esperança inunda as horas vazias
No silêncio quebrado,
Sem importância.
O corpo dormento de tanto tormento,
Pensamentos que vagam como os loucos
Perdidos nos labirintos da memória
Percorrem os mundos revisitando a saudade.
E no burburinho de um silêncio quebrado
E sem importância
Viajam em trens descompassados
Pedindo socorro desesperados.
O corpo dói, o sono chega,
A sede invade, o calor incomoda
E nesse instante os desejos correm
Pelos campos a fora
Na carona desse trem desgovernado
Que sem rumo, nem destino
Vaga perdido como um louco.

domingo, 4 de março de 2012

"As madrugadas foram feitas escuras justamente para que poucos pudessem ver através delas. Tornando-se assim, perfeitas aos amantes e poetas."
Sobre lembranças e desejos ocultos

O cheiro da chuva trazido no vento
Do fim da tarde, quase fria,
Faz o pensamento se perder
Entre as lembranças da noite passada
E a sensação recente,
Do dia presente.
E envolto no calor da memória
Ainda sinto a forte leveza
Do teu corpo sobre o meu,
E o gosto doce da tua boca,
Que poderia ter o sabor do anis,
Ou de qualquer outra doce erva.
É possível ainda sentir teu aroma
Que exala dos meus poros.
Ao passo em que o dia,
Quase quente,
Brinca com meus instintos
Me fazendo por vezes
Abandonar a lembrança
Da tua presença no anoitecer passado.
O presente interrompe,
Mesmo que momentaneamente,
Todo pensamento extasiante
Do teu corpo sobre o meu,
Pelo desejo oculto
De quem nunca por mim
Teve os lábios tocados.