terça-feira, 17 de janeiro de 2012

O poeta e sua rima

Quando a luz apagar
E o poeta rimar
Ao acaso,
Seu primeiro verso
Há de lembrar
Que é poeira ao vento
Sem alento,
Nem contento,
Onde o singelo sorriso
Esconde um tormento,
E esse sorriso,
Como que por encantamento
Transforma o lamento
Em  inspiração,
Mesmo que por consolação,
E quando a luz acender
E o poeta rever
Seu último verso,
Verá ao acaso,
O vento que passa.

domingo, 15 de janeiro de 2012

Uma receita para a eternidade

Lembrar do sorvete de morango
Do chocolate com côco
E do abacaxi
Tudo isso tem tanto de ti.

E eu que prefiro
O cigarro, a bebida
E a luxúria,
Tenho tanto de ti.

Lembro de tuas histórias
E lamento aquelas que não ouvi
Ame as flores, 
Ame as plantas.

Ame as pessoas, 
Ame os animais,
Crie galinhas,
Tenha uma horta.

Sinta o cheiro das flores,
Ande descalço,
Sinta a terra e a grama
Em seus pés.

Sinta o vento em seu rosto
Faça uma salada no domingo
E coloque as salsas,
Colhidas em sua horta.

Viva muito, 
Viva tudo
Tenha filhos
E conte a eles suas histórias.

Que seus filhos,
Tenham filhos,
Conte a seus netos suas histórias
E assim, se torne eterno.
                                           
Sacrifício

Agora tenho teu símbolo
Marcado em meu corpo
Por teu sagrado
Meu corpo sacrifico.

E não tardou a vir
Tua grande graça
Pela fertilidade,
Em minha pele marcada.

E o sangue ambíguo
Que é morte
Mas também vida,
Meu ventre purifica.

Enquanto ofereço
Meu sacrifício
À Grande Mãe,
Novamente em fase lunar.

A ti me prontifico
Sacerdotisa em tua arte
Para que meu consorte
Também não torne a tardar.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Uma prosa em verso

Uma seta mirou o aquário
Naufragou nessa loucura
Se afogou nas profundezas do profano
Para nele ritualizar o sagrado.

A loucura que sempre desperta,
À espreita,
E a espera, do momento certo,
Se manifesta nas madrugadas quentes, por vezes vazias.

Ela seduz,
Com sua propósta insana,
Nos cega no breu,
Nos encanta nos domínios de Morpheu.

São nesses momentos em que ela,
A Loucura, aproveita,
Sai da espreita
E inebria a mente.

Corrompe os sentidos
Vai além do verso, invade a rima,
E as vezes a rima, também se torna prosa
Mas nem por isso, menos poética.