quinta-feira, 16 de abril de 2015

O direito e o torto

Que o direito me perdoe
Mas sempre amei o curvilíneo
Nem a estrada é reta
Porque o mundo é redondo
Sempre fui esquerda
Mesmo sendo destra
E não é só porque sim
É porque tem que ter explicação
É porque na curva se vê outro contorno
Se vê além do horizonte
Se lê além das entrelinhas
Quem anda na contramão vê além
Vê a beleza dos loucos
Vê a leveza dos livres
E não cala na indignação
Se os caminhos são curvos
Porque baixar a cabeça e andar em fila indiana?
Porque assim alguém determinou?
Por medo de pensar ou de enlouquecer?
Soubessem todos que só os loucos sobrevivem
Pelas estradas tortas
Que os direitos não tem coragem de seguir!


domingo, 12 de abril de 2015

O Grito

E Maria não se calou
Abriu a boca
Gritou!
Assim como fez Joana e Carolina.
Maria gritava por seu direito
De direito e avesso
Seu direito a todos os orgasmos que quiser gozar.
Seu direito de chupar os paus que desejar,
E as bocetas também.
Gritou sua vontade indignada
Também quero ser chupada!
E há quem quis calar Maria
Na sua libido desenfreada
Porque mulher de verdade
Não pensa assim,
E se pensa, por ser educada, não fala.
E se fala é puta.
Mas Maria não se calou
Pouco se importou,
Se quem gosta de gozar é puta,
Prazer, meu nome é Puta!
Deu as costas e soltou o grito pela última vez,
À quem nega o meu direito e meu grito,
Vá se foder!

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Infância

No verão de gostos característicos
Que remetem à infância
Lembrança dos tempos de criança
Saudade daqueles que partiram.

O sorvete de creme, chocolate e morango
Aquele com pedacinhos de morango
Remontam as recordações
Daquelas tardes de verão.

Tão doce são as lembranças
Tão triste é saudade
De beleza sem igual 
Capaz de comover  o tempo
Fazer ele parar
Não mais se movimentar.

E assim abrir espaço
Para o momento de saudade
Um breve momento
No tempo de apenas uma lágrima
Passear pelo rosto.

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Um recado para Ricardo

Ricardo, Malú te mandou um recado,
Ela partirá,
Tomará o rumo da Terra do Sol
Entre montes e vales, 
Não te procurará,
Nesta floresta, ela há de vagar
Bem de vagar,
Para apenas se encontrar.

domingo, 9 de setembro de 2012

 As antigas construções


Olho a arquitetura das antigas construções
Penso nos mistérios escondidos no porão
A cada pedra erguida,
Um segredo bem guardado.

Subo num muro de pedra,
Mas não pulo,
Me sento no alto a observar
A pintura descascada não desnuda o mistério.

Nas paredes tem rachaduras
Quem terá habitado ali?
Se o mofo do teto falasse
Talvez me contasse.

sábado, 18 de agosto de 2012

Teias e aranhas

Destino, caminho tecido,
Por aranhas em suas teias
Os fios se soltam ou se encaixam.

Era dia de festa na floresta
O Escorpião soltou seu ferrão
E não apareceu.

Pobre Centauro,
Que de pobre não tinha nada
Esbarrou com o Leão.

O Centauro conhecia o Leão
De outras festas
Em outras florestas.

Foram então dançar
E muitas outras vezes
Voltaram a se encontrar.

E a dança da luxúria
Os guiou numa longa viagem
Onde houveram mais virtudes que pecados.