domingo, 24 de junho de 2012

Intenções veladas

O que poderia você fazer
Pra romper o silêncio da solidão
Que nas noites frias
Rasga seu coração? 

Que o universo
Por este verso conspirasse
Trazendo no calor do verão
O cheiro da primavera perdida.

Mesmo em épocas de frio
Quando as estrelas das noites de inverno
Envoltas na névoa gelada
Reluzem mais que no verão.

Em cada ponto brilhante
Uma única intenção no semblante
É perigoso lhe ver nesse instante
Intenções veladas pela névoa gelada.

Contar estrelas escondidas
Quase esquecidas
Envolve devoção,
As vezes fé, outras paixão.
O resgate da Loucura 

A loucura permeia a vida
A cada ponto e vírgula,
A sanidade e sua metódica chatice
Nos paralisa, 
Tal como uma planta carnívora,
Pronta a nos devorar.
É quando a loucura se transforma
Na grande heroína,
E em suas asas insanas
Vem nos resgatar.
Então aprendemos a voar,
A correr, a gritar
No compasso descompassado
Muitas vezes desafinado
Seguindo por lugares desorientados
Mas loucamente felizes.
Odisseia contemporânea
 
Na odisseia da estrada
Um artista pinta as curvas do mapa
Solitário e sem destino
E sem saber
Que muito longe de sua rota
Alguém lhe espera
Para colorir a vida.

Esse odisseu do asfalto
Que desenha seu destino
Há cada quilometro rodado
E não sabe 
Que uma solitária Penélope
Tece sua espera
Aguardando sua volta.
Fantasmas de fotografias
 
Numa tarde qualquer
Depois de uma noite mal dormida
Noite de sonhos interrompidos
Intercalados por pesadelos 
De fantasmas que assombram 
Na lembrança de velhas fotografias.

O frio da noite passada passou
E do pesadelo acordou
E o fantasma não foi embora
Porque nas cartas estava marcado
Para um dia das sombras retornar
E outra vez ao sol brilhar
Para a lua poder encantar. 

Ao anoitecer não mais se perder
No brilho da noite encontrar
Os braços da lua para adormecer
E ao amanhecer se despedir
Para novamente ao entardecer retornar
E mais uma vez 
Em seus braços repousar.

domingo, 17 de junho de 2012

Palavras em preto e cinza

Choro pelas sementes que não germinamos
Pelas flores que não floresceram
Pelos lugares que não conhecemos
Pelos caminhos que não percorremos.

Lembrando os pecados que não cometemos
Ainda que tivéssemos cometido toda sorte de delitos e delírios,
Choro pelas lágrimas não derramadas
Ou ainda por aquelas choradas nas horas erradas.

Sinto a cor das palavras não ditas
E o gosto daquelas faladas em momentos errados
No calor do sol do meio dia
Vejo em preto e cinza o que nunca deveria ter sido dito.

sábado, 16 de junho de 2012

Fábulas do zodíaco

Um Leão bate à porta do Centauro
E solitário
Sua cama habita.
Os pensamentos de Quíron 
Até então todos envoltos
Pelos instintos do Leão
Se voltam todos ao que nasce aos pares.

A estes dizem ter duas faces
Que na verdade 
Nada mais são
O argumentar verdades absolutas.

Para toda moeda há duas faces
E se nascem aos pares
Seu propósito tem.